BiodieselBR: Renováveis representaram 25,7% da energia do setor de transportes

    4 de junho de 2025

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A matriz energética do setor de transportes ficou mais limpa em 2024. Pelas contas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que constam do mais recente relatório síntese do Balanço Energético Nacional (BEN), os renováveis representaram um pouco menos que 25,7% das mais de 95,8 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) que os brasileiros consumiram no ano passado para movimentar cargas e passageiros. É um novo recorde, embora não eleve muito o teto.

Transportes é o principal componente da demanda nacional de energia. Cerca de um terço – 33,2% – dos 288,3 milhões de tep que o Brasil consumiu em 2024 foram para o segmento. O setor industrial aparece um pouco atrás, com 31,7%.

Até este momento, o melhor resultado dos renováveis dentro da matriz de transportes havia sido registrado em 2019, quando o grau de renovabilidade ficou em 25,3%.

Importante ressaltar que, nesse meio tempo, a demanda total de energia pelo setor cresceu 13,2%. Isso obrigou os renováveis a crescerem mais rápido do que a média das demais fontes de energia. Nos últimos cinco anos, as fontes de energia limpas cresceram 15%, atingindo a marca de 24,6 milhões de tep.

Transportes
Em relação ao ano passado, a fatia obtida pelos renováveis avançou relevantes 3 pontos percentuais. Foi uma alta relativamente forte para o mercado. Nos últimos 25 anos, esta foi a quarta maior expansão dos renováveis ocorrida de um ano para o outro.

Somado ao 1 ponto percentual que os renováveis já haviam conquistado em 2023, o segmento recuperou todo o espaço que havia perdido entre 2020 e 2022. Primeiro em função de perdas no mercado de etanol, que recuou de 17,5 para 14,8 milhões de tep entre 2019 e 2021. Já em 2022, o problema foi o mercado de biodiesel, que encolheu 6,5% em função de cortes na mistura obrigatória promovidos pelo governo Bolsonaro a partir de maio de 2021.

Domínio dos biocombustíveis
Tudo isso ficou no passado. Em 2024, tanto o etanol quanto o biodiesel tiveram suas máximas históricas com – respectivamente – 18,6 e 5,8 milhões de tep.

Só no ano passado, o biodiesel apresentou crescimento de 19,3%, puxado pela adoção do B14 em março de 2024 e pelos cerca de 2,6% de crescimento na demanda nacional por óleo diesel B, cujas vendas somaram 67,2 milhões de m³.

No fim das contas, o biodiesel representou 6,1% da matriz energética total, ganho de 0,8 ponto percentual sobre o resultado de 2023.

Já o álcool teve um ano um tanto mais complicado. Por um lado, o etanol hidratado avançou espetaculares 30,1%, passando dos 12 milhões de tep. Esse crescimento, no entanto, deslocou uma parte da demanda da gasolina, que encolheu 4% no ano, indo para 24,8 milhões de tep. Isso derrubou em 3,9% o consumo de etanol anidro, que caiu um pouco abaixo de 6,6 milhões de tep.

Eletrificação
Além do bom desempenho dos biocombustíveis, a renovabilidade da matriz de transportes ganhou também um – ainda pequeno – impulso da eletricidade. Embora ainda sejam uma parcela minoritária, os veículos elétricos vêm ganhando espaço na frota brasileira. Dos cerca de 2,63 milhões de veículos novos que foram emplacados ao longo do ano passado, segundo a Anfavea, perto de 122 mil eram elétricos puros e híbridos do tipo plug-in.

Pelas contas da EPE, o país já tem mais de 215 mil veículos elétricos circulando pelas ruas. O crescimento acelerado da frota fez com que a EPE passasse a incluir a demanda de eletricidade pelo setor de transportes nas contas do BEN.

No total, a frota elétrica consumiu 309 gigawatt-hora (GWh) em 2024; volume que se traduz em 186 mil tep. Considerando que o nível de renovabilidade da matriz elétrica brasileira foi de 88,2%, é possível estimar que 164 mil tep da eletricidade consumida no setor de transportes veio de fontes renováveis.

Total
Considerando a matriz energética brasileira como um todo, o nível de renovabilidade foi de 50%. Além do crescimento dos biocombustíveis, também houve aumento da oferta de energia por fontes eólica e fotovoltaica, que alcançaram 24% do total de eletricidade gerada no Brasil no ano passado.

É um nível de renovabilidade muito maior que a média global, que, em 2022, foi de 14,3%.

Fonte: BiodieselBR