Opinião: B15, hora de avançar

    9 de junho de 2025

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O Brasil tem à frente uma oportunidade estratégica única de fortalecer sua posição no mercado global de grãos e proteínas, especialmente em meio ao contexto da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. O tensionamento entre as duas potências mundiais abre caminho para nosso país expandir suas exportações e seu papel de fornecedor de alimentos, seja soja em grãos, farelo ou a proteína em forma de carnes de peixe, frango, porco e gado.

A iniciativa de elevar a mistura obrigatória de biodiesel de 14% para 15% (o B15) estava prevista para março de 2025, mas foi adiada por conta de pressões inflacionárias. Porém, com a redução do preço do óleo de soja e a projeção de uma safra recorde de 171 milhões de toneladas, a retomada dessa meta está cada vez mais próxima. Especialistas do Insper Agro Global ressaltam que implementar o B15 não apenas reduziria em cerca de 25% as importações de diesel no país, mas também aliviaria a pressão sobre o setor esmagador de soja, que enfrenta alta demanda internacional.

A adoção do B15 estimularia o aumento do processamento da soja, resultando em maior produção de farelo, insumo essencial para a indústria de proteínas animais. Isso fortaleceria as exportações brasileiras de carnes e outros produtos com maior valor agregado, diminuindo ao mesmo tempo a dependência das exportações de grãos de soja. Marcos Jank, do Insper, destaca que essa abordagem permitiria ao Brasil agregar valor à sua produção e mitigaria o risco de dependência excessiva da China, que já responde por mais de 70% das importações da soja brasileira.

Outro ponto relevante é que um aumento na mistura de biodiesel contribuiria significativamente para reduzir a poluição atmosférica, visto que cada ponto percentual a mais gera menor emissão de gases do efeito estufa e de poluentes nocivos à saúde humana. Além disso, promove a inclusão social ao estimular a geração de empregos tanto na indústria como na agricultura familiar.

O Brasil dispõe de uma combinação favorável de recursos naturais, capacidade tecnológica e crescente demanda interna para avançar com a implementação do B15. O que se faz necessário é uma decisão estratégica firme para aproveitar este momento e reposicionar o país com maior protagonismo no cenário geopolítico global.

Por Alceu Moreira, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel
Publicado originalmente no jornal Zero Hora