Brasil discute papel estratégico na produção de alimentos e energia renovável durante a Expointer

    5 de setembro de 2025

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A vocação do Brasil para alimentar o mundo e oferecer energia limpa esteve no centro do debate realizado nesta quinta-feira, 4, durante a Expointer, em Esteio (RS). O painel “Campo em Debate: Combustível e Alimento para o Mundo” foi promovido pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), em parceria com entidades do setor, na Casa RBS.

Participaram da discussão o deputado federal Alceu Moreira, presidente da FPBio, o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, atual presidente do Conselho da Aprobio, o empresário Irineu Boff, presidente do Sindibio-RS e vice da Ubrabio, além de Daniel Amaral, diretor da Abiove.

Os convidados destacaram que o Brasil ocupa uma posição estratégica por reunir duas potências em um só território: a produção de alimentos em larga escala e a capacidade de ofertar biocombustíveis. Para eles, o desafio está em equilibrar segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e competitividade econômica.

“Não há nada mais importante simbolicamente para o país do que ser um país do selo verde. Algumas iniciativas insistem em usar combustível fóssil, criando a falsa ideia de que existe competição entre produção de biocombustível e alimento. Isso é uma grande falácia”, afirmou Moreira.

O painel também reforçou a necessidade de investimentos em tecnologia e inovação para ampliar a eficiência da cadeia produtiva, garantindo menor impacto ambiental e agregando valor às exportações brasileiras, tema que ganhou destaque nas falas de todos os participantes.

A Expointer, maior feira agropecuária da América Latina, tem sido palco de debates que vão além da exposição de animais e máquinas agrícolas, refletindo sobre o papel do campo no futuro econômico e ambiental do país.

Confira as principais falas

Alceu Moreira reforçou o impacto econômico e social do biodiesel e do farelo de soja: “De cada quilo de soja esmagado, só 20% é óleo, o restante vira farelo. Cada 2 kg de farelo gera 1 kg de frango nas prateleiras dos supermercados. Diga onde você encontra um setor que começa em um pedaço de chão em qualquer lugar do Brasil e termina nas prateleiras do país ou do mundo. O biodiesel percorre o caminho inverso: chega às regiões mais distantes, impulsiona a inclusão produtiva e beneficia milhares de pessoas.”

Francisco Turra, presidente do conselho da Aprobio, destacou a importância estratégica do setor: “É essa coragem que a gente tem que ter. Embora sejamos três entidades cuidando, estamos protegendo algo precioso para o Brasil e, eu diria, ainda mais importante que energia: estamos cuidando da produção de alimentos.”

Irineu Boff, presidente do Sindibio-RS e vice da Ubrabio, reforçou o papel estratégico das usinas de biodiesel: “Nossas usinas de biodiesel estão localizadas próximas ao consumo, o que gera ganhos em logística e distribuição de renda, além de assistência técnica à agricultura familiar. O biodiesel não é apenas um combustível; ele é uma base sólida para o desenvolvimento de carnes, pessoas, negócios e para ampliar a distribuição de renda.”

Daniel Amaral, diretor da Abiove, destacou o potencial de agregação de valor da soja: “Quando conseguimos esmagar a soja, transformar em farelo e biodiesel, conseguimos agregar 4,4 vezes mais PIB e empregos do que exportando o grão. O biodiesel tem ajudado a mudar esse quadro e o Brasil consegue exportar mais farelo de soja. Não podemos ficar parados: é preciso trabalhar novos mercados e ampliar nosso mercado de carnes, reduzindo custos e oferecendo produtos a preços competitivos.”